quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Que horas são?

Há muito por trás de uma pergunta. Tanto para quem a faz, quanto para quem a responde. Algo tão simples como isso, abre qualquer tipo de ideia ou conceito em relação à questionada ou o questionador. Quem pergunta, espera respostas. Quem responde, às vezes não vê nada por trás.

Quem pergunta aprova ou reprova as respostas, conceitua, opina, conhece, mata uma curiosidade ou um preconceito, fica admirado, perplexo, surpreso, desapontado, contente, triste, chocado, sentido. Quem pergunda expande a noção da curiosidade, pode se decepcionar logo, ou se admirar mais rápido. Pode fugir os pensamentos para ideias próprias ou de outros.

Quem responde percebe os detalhes nos quais nunca pensou, as ideias que nunca formulou, as comparações que nunca fez. Quem responde expande o auto-conhecimento, a auto-reprovação e auto-bajulação. Quem responde espera mais perguntas, de acordo com cada resposta. Quem respode é influenciado pelo humor e auto-compaixão, levando, às vezes, a forjar uma reposta.

Quem responde, também se pergunta. Quem pergunta, não saberia o que responder.

Um ciclo vicioso que pode gerar desconforto, vergonha; que não se satisfaz, mas não pensa com clareza, com rapidez; que se aperfeiçoa com os dias, com os anos. Nada melhor que perguntar e obter uma resposta prazerosa, ou várias respostas diferentes, ou variações das mesmas respostas. Muitas vezes, a pergunta, em, si não interessa, mas, sim, como ela é respondida. Outras vezes, respondemos o que gostaríamos que fosse, embora não seja. Perguntas e respostas podem movem céus e cabeças pensantes, mas, apesar de tudo, às vezes as ações valem mais.

sábado, 31 de outubro de 2009

Primeiro De Trinta

Após 18 dias do meu 18º aniversário, ganhei o melhor presente de todos e uma carta de três páginas - frente e verso - de alguém muito especial e é aí que vejo que ainda existem pessoas capazes de me surpreender de verdade, enquanto outras ainda estão fadadas ao meu desprezo e extermínio. Mesmo muito distante ou, aparentemente, muito perto, são as mesmas. Posso até me sentir a criadora do que me cerca, pois já sei exatamente como acontecerá mesmo. Não que eu saiba de tudo, longe disso, mas é tudo tão óbvio!
Óbvio à sua maneira, porque cada um tem o seu "óbvio", o que eu poderia chamar de TILT. É aí que entra a Lei 25. "Registre os temperamentos das pessoas que você conhece e se adapte a cada um deles". O negócio é: qualquer deslize e adeus, não tem conserto por hora. Então eu penso em quantas pessoas conseguiram se adaptar ao meu temperamento e até onde os temperamentos podem se aturar.
Talvez eu devesse parar de esperar por uma surpresa. Vai ver que, por esperar, não há surpresas. Não há mistério. Não há frio na barriga. Não há mais nada além do que eu já poderia esperar. Mas, como uma estrela cadente, às vezes pode surgir um brilho a mais no céu, um destaque rápido, porém memorável. Nunca se sabe.
É por tanta estupidez que diariamente me aparecem tantos egocêntricos hedonistas, frutos de uma verdade óbvia que é o ser humano. Vale a pena generalizar.

E hoje, como todo começo de mês, busco algo novo e inusitado.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O dia em que cortei o cabelo

Hoje eu cortei o cabelo e gostaria de deixar claro que, para mim, cortar o cabelo é como eu querer me afogar em novos tempos. É como mergulhar em águas novas, com medo de morrer afogado, ou provar uma fruta exótica, porém saborosa. É como ter certeza de que vão te notar de alguma forma. É como querer chamar a atenção de alguém por um tempo indeterminado. É como consertar um carro desgastado e tentar se sentir melhor dentro dele depois de reparado. Neste momento, não é um simples corte de cabelo, é uma exteriorização da minha necessidade de mudança. Uma forma de mostrar que eu não quero ser mais a mesma de ontem, nem mais a mesma que se arrepende amargamente do último corte que fez. Enfim, é a forma menos pavorosa de dizer: estou com medo, mas estou disposta. É uma forma de mostrar o que eu gosto e, para quem não gosta, não tocar no meu novo cabelo, que eu tanto gosto e cuido. Agora meu cabelo está cortado e eu vou cuidar mais dele, porque da última vez que cortei, todo mundo dizia que estava feio, mas eu passei tanto tempo com meu cabelo supostamente feio e me senti a melhor pessoa do mundo, até cortar, sem querer, de olhos fechados e estragar todo. Agora cortei direitinho. Cuidadosamente. E aos poucos ele vai crescendo. E no dia que eu precisar cortar de novo, cortarei exatamente como da primeira vez, que me senti a melhor pessoa do mundo.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Observe o post

"Sentei em uma mesa próxima a um casal que está discutindo, provavelmente, a relação. O cara gritou com ela, 'É mentira!!!', e ela, de braços cruzados, demonstrando indiferença, falou, 'Deixa eu falar?'. 'Diga, você só sabe falar mesmo'. (haha good one) A coitada, nem soube o que responder. É o tipo de situação que bate um desespero por não arranjar as palavras que cubram a raiva. Uma loira, com seus 30 anos, sentou à mesa ao lado e não para de sorrir. Deve estar no começo de um romance - e vai acabar como o casal da mesa ao lado. Um homem chegou e sentou ao seu lado, como eu imaginava. Agora são dois sorridentes, perdidos. Amor é como açúcar: se comer muito, passa mal, mas enquanto come, dá uma felicidade. (A experiente falando sobre isso!) Do outro lado da rua há pessoas correndo, caminhando, passeando com animais estranhinhos, ouvindo música; outras, sentadas, como eu. Eles passam tranquilos, rindo, sérios, conversando, mas enquanto isso, a cabeça deles borbulham de opiniões, críticas, vinganças e vontades e, no fundo, não podem fazer muita coisa. É como se um analfabeto tentasse xingar alguém pela internet. Eles estão de tênis, sandálias, descalços, com uma música na cabeça, um frio na barriga. Há até uns idiotas na mesa da frente tirando fotos, enquanto comem açaí. Nossa, finalmente a loira e o homem se beijaram. Quando terminam, ela sorri apaixonada para ele, procurando seus olhos, enquanto ele olha com um sorriso amarelo, desconfiado, para a mesa. Será que só eu percebi isso? O céu começa a ficar rosadinho. O Sol, já não se vê mais. É a hora que eu mais gosto. Aliás, gosto mais ainda quando o céu está azul marinho. O mar está lindo, o clima agradável, o vento suave e frio. O cor-de-rosa se misturou com o laranja e o azul do céu. Enquanto isso, o casal, supostamente apaixonado, não pára de conversar. O silêncio deles é um beijo ardente. O céu agora é roxo, tranquilizante. Uma mulher chegou carregando flores, para vender. O impulso dela foi caminhar em direção aos casais, ignorando o restante - incluindo eu. O cara comprou uma rosa vermelha para a mulher com quem estava discutindo. O homem não comprou para a loira. Aposto que ela queria, dá para ver em seus olhos, mas o homem não quis se comprometer. Que isso significa? Que há por trás de beijos e abraços e discussões? Nem observando eu pude descobrir. Será que estou olhando muito descaradamente para todos? Quando escrevo assim, esqueço de mim e de como estou agindo - inclusive reagindo às emoções de acordo com o que acontece. 17h30. Escrevo há exatamente 1h40 e estou muito calma. Vou aproveitar esse céu azul marinho - andar na areia, correr, o que seja. Nem o vento sabe para onde me levar"

Há mais de dois anos a minha terapia é escrever. Nunca me importei sobre o que eu escrevia: so dependia do que me vinha na cabeça. Ano passado, precisamente a 08 de maio, em um dia muito estressante - principalmente por causa dos pirralhos da monitoria - corri para a sorveteria em frente a praia e tentei fugir meus pensamentos dos meus problemas. Solução: observar todos ao meu redor. É até engraçado, e confesso como eu consegui me tornar imperceptível - quando uma mulher falou comigo, a frequência dos meus pensamentos caiu e foi como se eu mesma tivesse caído.

Mas é muito difícil observar as pessoas. Isso implica que é preciso, também, observar o lugar e, até mesmo, as pessoas ao redor da observado principalmente. Enfim, há uma série de fatores que, juntos, formam o ser observado. Então, como observaremos verdadeiramente alguém? Acredito que ela seja ela mesma, quando sozinha, sem ninguém a observando. Quando há um outro ser no mesmo ambiente, seu comportamento muda, de maneira não-natural. É complicado conviver com a sociedade, já que ela se modifica a cada contato, que se misturam de maneira que no resultado: ninguém se conhece de verdade. Nem mesmo nós mesmo, agimos de acordo com os outros, logo, somos aquilo entre o que queremos ser e o que a sociedade quer que sejamos.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Como se escolhe?


Por que as pessoas são tão indecisas e complicadas?
Tanta coisa para escolher, não é?

Escolher a Barbie que vai comprar.
... a bolsa de carrinho mais bonita.
... quantos cubos de gelo se quer colocar no suco de laranja.
... o sorvete depois do almoço.
... o menino mais bonito da sala.
... o que comer quando a despensa está lotada de comida.
... para quem contar o maior segredo do momento.
... para onde e com quem sair no fim de semana.
... a piada mais engraçada para contar.
... a cor da única parede que não é branca no seu quarto.
... a roupa mais confortável.
... o perfume mais adequado.
... a sintonia da rádio.
... a senha do seu e-mail.
... as músicas para colocar em um CD.
... o único filme que você pode locar.
... a última música para ouvir antes do MP3 descarregar.
... as palavras certas para o poema que está compondo.
... a melhor música para enviar para alguém.
... a próxima cor do cabelo.
... o namorado.
... cor do vestido de formatura.
... as palavras certas em uma discussão.
... a tese de mestrado.
... o futuro profissional.
... com quem vai casar e quem vai convidar para a festa.
... onde passará a lua-de-mel.
... o melhor carro e casa para comprar.
... quantos filhos vai ter e como se chamarão.
... o animal de estimação.
... o cardápio do almoço em família.
... quem convidar.
... o castigo do filho.
e por aí vai.

Uma escolha depende de outras, que mal conseguimos escolher. (o ciclo vicioso). E o pior, você não sabe o que há por trás de cada uma, até fazê-las.

...
Por isso as pessoas são tão indecisas e complicadas.