quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O caderno

Aquela menina tinha todas as caixas e cadernos do mundo e todo o conhecimento que poderia imaginar, então o colocou dentro das caixas e seus cadernos restaram para a sua mente. Gastou um, dois, três e perdeu a conta. Parou de usar. Mas comprou o melhor caderno de todos. Com capa dura e preta, desenhos dourados e folhas completamente brancas, sem linhas, era o caderno da menina. Apesar de tanto usar os outros e de tanto saber que tinha o que escrever, esse novo caderno tinha um Q de especial e ela sabia que não deveria escrever bobagens nele, como muitas pessoas já fizeram com outros cadernos. Sua cabecinha foi torturada por 3 meses, vendo aquele caderno em branco. Ela só conseguia pensar nele em branco, sem letras e símbolos. Nada seria bom o suficiente para o caderno maravilhoso que ela tinha. Nada seria extraordinário o suficiente para o que o caderno pudesse sustentar e guardar consigo.

Aham, insight para aquela garotinha. A melhor coisa que poderia ter pensado para o seu querido caderno finalmente foi posto em prática. Ela escrever a primeira linha e chorou como quando seu cachorro morreu. Chorou porque tudo que tinha escrito naquele caderno, naquele dia, fazia-a chorar. Seria a primeira e não única vez. Ela escrevia, torcendo para que o seu caderno nunca acabasse e ela pudesse escrever para sempre, com a mesma alegria da primeira vez.