quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Frustração

Dizem que as pessoas de sucesso são uma mistura de duas virtudes: talento e esforço. Eu não tenho talento para nada e nunca fiz algo em que pensasse "Puxa, sou realmente muito boa nisso e as pessoas reconhecem". Não sou nenhum Van Gogh, Mozart ou Leibniz, porque, simplesmente, não tenho o dom para ser e, obviamente, nunca serei, por mais esforço que faça. Não sou muito boa em nada. Não sou boa com crianças - adultos, idosos, adolescentes... - não sei consolar as pessoas, não sei rir, não sei falar na hora certa - para mim, qualquer hora é certa - não sei gritar estridentemente, não sei plantar bananeira, não sei me maquiar, não sei contar histórias em menos de 269219814 minutos, não sei cozinhar, não sei nem correr direito! Não estou satisfeita com qualquer coisa que faça e nunca fiz nada grandioso. O auge do meu sucesso foi em um aniversário de 10 anos, quando cantava no karaokê e ouvi a moça do algodão doce dizer "Ela canta muito bem!" - foi tão inesquecível que até lembro que cantava "Coleção". Nunca mais vi essa moça, ou a moça da pipoca, do sorvete, do bolo, dos presentes... Penso em tudo que fiz: não consegui ser uma grande jogadora, bailarina, cantora, professora, pintora, desenhista, escritora, atriz, musicista. Eu sei, ainda sou muito nova, mas acho que o tempo já passou, já me frustrei e perdi as esperanças. Enfim, ainda há uma chance para mim: a engenharia. Bom, eu sei contar.